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25 de Abril de 2024
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    Drauzio Varella fala à CPI que investiga a epidemia do crack no Estado de São Paulo

    A comissão parlamentar de inquérito constituída com a finalidade de investigar a denominada Epidemia do Crack no Estado de São Paulo recebeu nesta terça-feira, 9/8, Drauzio Varella, médico cancerologista com experiência em moléstias infecciosas. Autor de vários livros e protagonista de séries televisivas sobre saúde e medicina, Drauzio Varella é reconhecido pelo trabalho realizado em penitenciários. O médico desenvolveu trabalho de pesquisa sobre a prevalência do vírus HIV entre os presos da Casa de Detenção do Carandiru, de 1989 até a desativação do presídio em 2002, e atualmente faz trabalho idêntico na Penitenciária Feminina de São Paulo. De acordo com o convidado, é possível aprender a viver sem o crack e, nesse sentido, ele destaca a necessidade de manter o usuário longe da droga. Ele chega a essa formulação a partir dos fatores químicos que envolvem o consumo de cocaíca e da experiência que acumulou nas prisões paulistas desde a época em que o crack chegou às penitenciárias (1992) até quando a droga foi eliminada. Segundo o médico, os "líderes de facções perceberam que os craqueiros criavam obstáculos para a ordem econômica que pretendiam implantar na cadeia e a solução foi proibir o crack. A lei na cadeia é clara: fumou crack na cadeia, apanha de pau; vendeu, morre". Drauzio Varella diz que atende várias ex-usuárias de crack na Penitenciária Feminina. "Quando elas saem de lá, voltam para a cracolândia e começa tudo de novo", diz. Mulheres A situação das mulheres é especialmente trágica no entender de Drauzio Varella. Ele conta que mulheres que levam drogas para presos "em geral seus pais, irmãos, companheiros" e são detidas, ainda nas filas de revista, são levadas para a delegacia e de lá para a penitenciária feminina, condenadas a quatro anos de prisão. "Quem ganha com isso?", pergunta. Segundo o articulista da Folha de S. Paulo, esse procedimento não tem qualquer impacto sobre o combate ao tráfico e sequer o preso é afetado, porque rapidamente arranja outro jeito de conseguir a droga. "As consequências recaem sobre as mulheres, muitas vezes apenas meninas", anota o médico. Sobre as mulheres há também a questão da gravidez extremamente precoce e o alto número de filhos. "Na minha experiência, vi avós com 28 anos. Meninas engravidam com 11 anos e, quando nasce a criança, ela é entregue à família ou ao Conselho Tutelar. Isso é uma tragédia para mãe e filhos", afirmou Drauzio Varella. Encaminhamentos para a CPI Participando do debate, a deputada Beth Sahão lamentou a impossibilidade da discussão no âmbito da CPI de conceitos relativos à questão das drogas e da sua prevenção, e sugeriu, como recomendação, maior diálogo entre os programas nos municípios e no Estado. Coronel Telhada (PSDB) disse ser favorável à internação compulsória e sugeriu a utilização do complexo do Juqueri para isso. Entre as questões que apresentou, Wellington Moura (PRB) quis saber da existência de lobby de hospitais psiquiátricos que lucram com a internação compulsória. Drauzio Varella disse desconhecer a existência de tal lobby, mas que, se existir, deve ser enfrentado. Ele destacou que é preciso planejamento na implantação de qualquer tipo de programa que envolva a internação. "Não é sair recolhendo as pessoas", disse. Sobre o programa De Braços Abertos da prefeitura de São Paulo, o médico discordou da permanência dos participantes do programa no mesmo local onde há disponibilidade da droga. O debate que se seguiu à exposição do convidado nesta terça-feira servirá de base para o que será o produto final da comissão, informou Adilson Rossi (PSB), presidente da CPI. Participaram da reunião também os deputados Welson Gasparini (PSDB), Jooji Hato (PMDB), Ed Thomas e Caio França, ambos do PSB.

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