Fórum trata sobre racismo no Brasil
O plenário José Bonifácio recebeu na quinta-feira (28/6), o "Fórum de reconciliação racial e proteção dos vulneráveis", que debateu sobre a garantia de direitos envolvendo a pobreza, o preconceito e a violência e teve como convidado o ex-senador norte-americano, ativista social e diretor da Conferência da Liderança Cristã do Sul, Charles Steele Jr.
O evento foi solicitado pelo deputado Carlos Bezerra Jr., presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Cidadania, da Participação e das Questões Sociais. O parlamentar comentou sobre o racismo ainda presente no país. "Foram 400 anos de escravidão, o Brasil foi a última nação das Américas a abolir a escravidão. É preconceito estrutural e estruturante, que possui impacto muito grande na cultura e na sociedade", afirmou.
Ele cita os dados do Conselho Nacional de Justiça. Cerca de 1% dos magistrados no país são negros. Das 60 mil mortes registradas, 70% são de negros, pobres e jovens da periferia. "É uma marca de naturalização da violência, como se uma bomba de Hiroshima caísse a cada ano, mas as pessoas não se importam com isso", disse.
Charles Steele reforça uma dificuldade na transformação da sociedade. Ele foi o primeiro negro a conseguir um cargo público em Tuscaloosa, no estado do Alabama, nos Estados Unidos. "Percebi que seria além de uma posição no governo", comentou.
O ativista relembrou os dados da diferença econômica entre famílias brancas e negras nos EUA, que não mudou desde 1968. Em 2018, os brancos ganham U$ 117 mil dólares ao ano, enquanto os negros têm renda reduzida em dez vezes, apenas U$ 17 mil dólares. "Os pobres não têm quem os represente. Não existem lobistas. A maioria dos políticos faz o que pode, mas o sistema não nos oferece amparo", declarou.
Para ele, a maneira de ser ouvido é por meio da imposição dos setores da sociedade frente aos governos. "Marchem. Marchem pacificamente. Pressionem seus governantes pelos seus direitos", alertou.
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